A vida de um psicoterapeuta dentro do seu consultório expoe esta pessoa a todo e qualquer tipo de situação, que grande parte de vocês, nem imagina que possa acontecer.
Pois bem, eu já atendi uma infinidade de barbaridade, com nome de preocupação. Uma destas foi o dia em que recebi um casal dizendo que precisava que eu curasse o filhote deles, pq o mesmo tinha "encasquetado" que gostava de meninos e isso era uma doença, portanto precisava de cura. Por mais que eu tentasse convencê-los que o problema não era a orientação sexual do filhote deles, mas a necessidade de resolver as dificuldades que eles estavam em aceitar esta possibilidade, para poderem ajudar o filhote a se encontrar de verdade, sem grandes sofrimentos ou traumas. Mas todas as tentativas foram em vão. E eles trouxeram o garoto saudável, inteligente, mas muito agressivo (tentando esconder de si mesmo a tristeza que habitava seu coração por sentir-se acusado de deformação). Ele decidiu que aceitava fazer a terapia comigo e começamos.
No mais... Posso dizer que as dores daquele coraçãozinho apertado amenizaram, as garras foram recolhidas e guardadas e a alegria surgiu naquele rosto belo e cheio de vida pronta para acontecer. Os pais??? Perderam-se na própria vaidade, indignação, ignorância, medo e covardia ao invés de crescerem juntos.
É muito interessante, como TODOS nós batemos no peito dizendo que não fazemos diferença com aspecto algum da vida, das características que nos compoem, que compoem a individualidade do outro. Que não temos preconceitos sobre coisa alguma...
MENTIRA CABELUDA!!!
Somos sempre os primeiros a torcer a boca, franzir a testa, arregalar os olhos, desviar o corpo quando há a possibilidade de interagir com alguém que não tenha o perfil físico, psíquico, moral, sexual, financeiro, religioso próximo daquilo que elegemos como normal.
Se a garota tem grana é "Paty". Se o camarada não tem carro é "pelêgo". Falta uma perna? Olhamos com pena. Falta a visão? O cidadão não fala? A pessoa é surda? Nos condoemos pelo infortúnio daquela pessoa (pq somos bons cristãos), como se nós mesmos não tivéssemos nossos aleijamentos emocionais, falhas de ética e caráter diariamente. E como se isso fosse garantir salvo conduto de nossas "canalhices" e malediscencias diárias.
Falsa moral, calúnia, mentira, maracutaia, engodo e tudo mais quanto é nome que codifique a covardia em assumirmos de frente quem somos.
O cidadão é homosexual? PelamordeDEUS!!! Isso é o "armagedom"!!!
A sujeita é do candomblé? É feiticeira, macumbeira, vuduzenta... Isso é pacto com o "coisa ruim". Mas se o babado ficar forte na minha vida, lá vou eu fazer um trabalhinho no terreiro do outro lado da cidade pra ninguém ficar sabendo.
TANTA HIPOCRISIA FEDIDA!!!
É só olhar para você mesmo no espelho... Quanto você aceita do seu físico? Seu cabelo é original? Seus peitos são originais? Você fica sem comer para alcançar o corpo magro, malhado, delineado como a galera das capas de revistas(delineados no photoshop)? Você enxerga seu corpo perfeito como é?
E sua limitações, dificuldades? Seus medos? Inseguranças? Invejas e fofocas que faz diariamente? Você é daqueles que afoga a sua "dor" e dissabores nos drinks do happy hour com a "rapêizi" do trabalho, só pra relaxar? Ou é da galerinha que só dorme com os remédinhos "relaxantes musculares" de tarja PRETA?
Você consegue entender que são exatamente as nossas "características deformadas" que nos definem como indivíduo = único = especial = PERFEITO? Ou continua acreditando que entrar em contato com suas nuances te enfraquecem e te aterrorizam com a possibilidade de mostrarem a sua humanidade, maculando sua POSE de politicamente, socialmente, moralmente correto?
Pois é, toda esta dificuldade em aceitar o que somos é "PINICU" perto da rejeição, do preconceito que demonstramos, que temos em relação a unicidade dos outros. Que dirá quem tem uma "realidade" totalmente fora do que determinamos como NORMAL - NORMALIDADE - PERFEIÇÃO.
"A DISTÂNCIA ENTRE O QUE É NORMAL E ANORMAL É
A ESPESSURA DE UM FIO DE CABELO"
A perfeição reside na utilização de todas as nossas capacidades, potencialidades para a nossa evolução, crescimento e desenvolvimento (McSàlomão)
Será que é a Paula Werneck, ou a Fernanda Honorato, ou VOCÊ que atualmente é DEFICIENTE???
Quanta preguiça você alimenta reclamando da vida?
Quanto medo você acrescenta em sua realidade quando critica quem tem coragem de romper com os modelos deformadores de alma?
Quanta IGNORÂNCIA você ainda insiste em ter quando acredita em verdades absolutas e unanimidade como modelo de perfeição, certo, adequado e todas estas babaquices infernais???
Alá a ruga na testa! Balançou a cabeça, pensou: "Queria ver se fosse com ela". "Ela não sabe o que é viver fora dos padrões de normalidade". Etecéterassss...
Ok! Vamos falar de mim, então! kkkkkkkkkkkkkk... Eu sou um dos tantos exemplos por aí afora de como é péssimo ser catalogado, rotulado, estigmatizado, classificado... E desde que me conheço por gente, ouço "barbaries" sobre meu jeitim de ser. Alguns pouquíssimos exemplos:
"Você é meio maluquinha, né?" TRADUÇÃO: Você teve coragem de dizer não ao enclausuramento.
"Você é teimosa" TRADUÇÃO: Você não se rende a chantagem barata.
"Você se acha, né?" TRADUÇÃO: Você corre risco de ser diferente e não tem medo de assumir as consequencias da sua humanidade.
"Você é escadalosa e fala demais" TRADUÇÃO: Você não tem vergonha de se expressar.
E por aí vaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.......................................
E você??? Aceita suas diferenças e particularidades ou se rende ao enquadramento e aprisionamento da alma em nome do medo de não pertencer e não parecer anormal?
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