Sim... Creio que cada semeadura promove a colheita pertinente...
Amor é semeadura, construção ativa, presença de alma, conquista interior, plenitude no sentimento a ponto de não exigir mudanças no ser amado...
Apenas amar... amar apenas...
Amor verdadeiro constrói pontes e não veste armaduras em defesa de um desejo...
Amor verdadeiro compreende que amar significa sentir em si e que o outro não é responsável pela manutenção de seu sentimento... O amor é de quem sente e não precisa de confirmação, prova ou demonstração...
Amar é compreender que todo plantio tem o tempo de germinação... E qdo brota tem o cuidado com a preservação, a proteção contra as pragas e predadores e finalmente o desabrochar da flor em botão que requer ainda da delicadeza dos gestos, do olhar afetivo e do zelo pela liberdade de expressão...
Amar já é uma bênção divina, uma dádiva, um dom, um presente...
Quem ainda acha que amar é ter, possuir... É porque ainda não ama... É apenas apegado a idéia de ter este sentimento...
A gente é capaz de possuir um sentimento?
Sentimento não se possui... Sente-se e deixa-se fluir... Deixa passear pelo vento das realidades particulares, individuais...
Amar é saborear a jornada, o caminho, a trajetória da existência e assim colher as flores desse plantio cheio de dedicação e respeito pelo mundo, incondicionalmente.
(McSàlomão)
AMO AMAR VOCÊ FILHA ESPECIALÍSSIMA!
"Entre a raiz e a flor: o tempo [...]"
(Jorge de Lima, in: Livro de Sonetos)
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Entre a raiz e a flor: o tempo e o espaço,e qualquer coisa além: a cor dos frutos,
a seiva estuante, as folhas imprecisas
e o ramo verde como um ser colaço.
Com o sol a pino há um súbito cansaço,
e o caule tomba sobre o solo de aço;
sobem formigas pelas hastes lisas,
descem insetos para o solo enxuto.
Então é necessário que as borrascas
venham cedo livrá-la da cobiça
que sobe e desce pelas suas cascas;
que entre raiz e flor há um breve traço:
o silêncio do lenho, ― quieta liça
entre a raiz e a flor, o tempo e o espaço.
Jorge de Lima Poesia completa, org. Alexei Bueno.
RJ: Nova Fronteira, 2008, p.474
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