quarta-feira, 19 de outubro de 2011

*Texto do programa Papos e Reflexões (Rádio Mundial) - 10/10/2011


A Beleza nos Anos de Por de Sol
   "Você não odeia quando alguém o faz lembrar a velhice?
   O barbeiro: 'João, está ficando um pouco ralo aqui em cima'.
   A cabeleireira: 'Da próxima vez, Maria, vamos fazer alguma coisa com essas raízes brancas'.
    O convite: 'Você está sendo convidado para participar da 30ª reunião dos formandos da faculdade'.
   Seus filhos: 'Pai, fale de novo quem era mesmo os Rolling Stones?'
   Seu médico: 'Não precisa se preocupar, Antônio. Sua condição é comum para as pessoas de meia- idade'.
   A alvorada da velhice. As primeiras páginas dos capítulos finais. Uma mancha dourada aparece nas folhas verdes de sua vida e você é colocado face a face (que, por sinal, está enrugada) com o fato de que está ficando velho.
   Até então a vida era uma estrada aberta e a morte estava a um milênio de distância. Mas, então, elas chegaram: as sutis mensagens da mortalidade.
   Você compra sua primeira apólice de seguros e inclui despesas com funeral e sepultamento.
   No primiero momento, são apenas pequenas gotas espirrando em suas convicções de aquarela de uma juventude perpétua. Com o tempo, porém, as gotas caem de modo constante e cada vez mais forte.
   Tudo dói quando se levanta de manhã. Aquilo que não dói, não funciona.
   Os vincos que aparecem no seu rosto, quando você ri, não desaparece quando pára de achar graça.
   E então - CABUM! A chuva se transforma em temporal. Os ruídos suaves se transformam em trovões. Filhos na faculdade. Quarenta e seis velas no bolo de aniversário. Óculos bifocais. BUM. BUM! CABUUUMMM!!
   Não há como negar. Ponce de Leon não encontrou a fonte da juventude e você também não vai encontrá-la. Ah, mas como procuramos!
   A papada cresce. O cabelo preto se torna cinza, fica preto de novo ou, então, loiro. O rosto se alonga. O queixo pende para baixo, os seios precisam de uma levantada.
   Certamente, parte do problema é o espelho (ou pelo menos o reflexo que vemos nele). O que antes estava firme, agora está caído. As coisas que antes se movimentavam, agora só balançam. Dizem que o tempo é o melhor remédio, mas ele é um péssimo esteticista.
   O poema "How old are you?" (Quantos anos você tem?), reforça a idéia de que a aparência exterior não é o que determina nossa idade:


'Idade é uma qualidade da mente:
Se você tiver deixado seus sonhos para trás;
Se a esperança tiver esfriado;
Se você não olhar mais adiante;
Se as cjamas da sua ambição estiverem vacilantes;
Então você está ultrapassado.


Mas se da vida você mantiver o humor;
E o amor também for guardado;
Não importa que os anos passem;
Não importa quantos aniversários voem;
Você nunca estará  ultrapassado'.


   A vida é feita de coisas simples e maravilhosas. Persiga-as. Lute por elas. Faça de tudo para conseguí-las. Não dê ouvidos às reclamações daqueles que se contentam em ter uma vida de segunda categoria e querem que você faça o mesmo pqrq que eles não se sintam culpados. Seu objetivo não é viver muito; é viver.
   De um lado existe a voz da segurança - ela adverte - isto não é para sua idade. Você pode sentar-se em sua poltrona, permanecer dentro de casa e ficar seguro. Não vai se machucar se nunca sair, certo? Não pode ser criticado por aquilo que não tenta fazer, certo? Não pode voltar atrás se não tomou uma posição, certo? Portanto, não tente fazer nada. Escolha o caminho da segurança.
   Ou então, você pode ouvir a voz da aventura - a aventura de Deus. Em vez de ir para a poltrona, siga seu coração. Adote uma criança. Mude para outro país. Vá dar aulas. Mude de carreira. Candidate-se a um cargo político. Faça diferença.
   Certamente isso não é seguro, mas o que é?
   Gosto muito das palavras do general Douglas Mac Arthur quando estava com 78 anos: 'Ninguém fica velho simplesmente por viver um determinado número de anos. As pessoas envelhecem ao desistirem de seus ideais. Os anos podem enrugar a pele, mas desistir de nossos objetivos enruga a nossa alma'.
   Winston Churchill, o famoso estadista britânico, tinha todo o direito de descansar depois da Segunda Grande Guerra Mundial, mas ele não o fez. Em vez disso, pegou uma caneta e ganhou o Prêmio Nobel de Literatura aos 79 anos de idade.
   Alguns ficam velhos e vão pescar. Outros vão caçar - caçar aquilo que sempre quiseram fazer. E fazem.
   Um amigo do falecido jurista norte-americano Oliver Wendell Holmes perguntou-lhe porque ele começou a estudar grego aos 94 anos. Holmes respondeu: 'Bem, meu caro, é agora ou nunca!'.
   O tempo voa. Os dias passam. Os anos se vão. E a vida termina. Aquilo que temos de fazer, deve ser feito enquanto há tempo.
   Em cada página do livro da vida, registre uma aventura, um feito, um renascer, um ressurgir, mas tenha em mente que em qualquer livro sempre há uma última página, em que cada um de nós tem de escrever suas palavras, uma ou duas, que sejam,... e depois cessar. Então escreva algo de grandioso, mesmo que tenha tempo apenas para um linha.
   Que ela seja sublime."


***Extraído do livro: FÊNIX - RENASCENDO DAS CINZAS (de Daniel Carvalho Luz)

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